segunda-feira, 2 de julho de 2012

Odisseia - De volta à nova casa.

"Junto ao bom pai e à casta mãe comerem à mesma vária mesa"


Sabendo já haver uma predisposição para a aventura paterna e, também, a existência da mulher ideal, deverá supor, amigo, que tudo transcorrerá de forma para lá de tranquila. Não é verdade? Pois, então, venho para clarear um pouco a tua retina, equivocado leitor.

Existem acontecimentos sublimes e dolorosos que são capazes de nos surpreender mesmo quando nos julgamos completamente preparados. A morte, essa senhora que nos espreita em busca do melhor momento para o inevitável encontro, é uma delas. Por mais que nos julguemos preparados para esbarrar com ela por aí, como convidado ou como anfitrião - imagino -, somos surpreendidos por sua inapelabilidade. Só nos damos conta de quem é, quando a temos diante de nós.

O mesmo se pode dizer de seu contrário: o nascimento ou a notícia do nascimento de um novo humano. Esse encontro que parece renovar as esperanças em relação à vida, por mais que nos julguemos preparados, não nos passa sem admiração ou choque. Recebemos a notícia da vinda de um sobrinho, neto ou afilhado com alegria e nos preparamos para sua chegada como se fosse apenas a conclusão de um rito. O inapelável final feliz dessa novela que fazemos dia-a-dia. Mas quando chega, que vemos a concretização da realidade imaginada, é que nos damos conta do tamanho do milagre: o homem repetindo, como se fora Deus, o milagre da criação.

O que dizer, então, estimado colega, quando se trata de um filho que te diz no fundo de tua consciência: "me espere que já estou chegando"?

Junto ao bilhete, veio uma série de fotos: casa, fraldas, berço, carrinho, carinho, olheiras, sorrisos, medos... Não falava. O misto de excitação e pânico, aos poucos, se transformou num tipo de euforia contida. E sentia ali, desde aquele primeiro comunicado, crescer dentro de mim uma nova vida: a minha vida que se reestruturava em forma de abrigo.

Durante a gestação, cresce um útero imaginário localizado na cabeça do pai. E ali, dia após dia, toma forma uma nova vida. A vida que dará à sua família.


2 comentários:

Mary Justo disse...

Um prazer ler o que você escreveu. Entro todo dia para saber se tem alguma coisa nova. Bjs

Claudio Justo disse...

Obrigado, irmã! Logo vou postando as novidades.

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